Por: O Panóptico
No sábado (14/10/2017), duas explosões deixaram cerca de 300 mortos e mais de 400 feridos na Somália. O atentado é atribuído ao grupo terrorista al-Shabab, embora a autoria não tenha sido reconhecida oficialmente.
Apenas em 2017, a Somália sofreu mais de 50 ataques terroristas. 38 deles apenas em sua capital.
Após os ataques uma questão importante foi levantada: onde está a comoção da mídia e das pessoas com o povo somali?
Tudo o que se vê até o momento é um assombroso e cruel silêncio.
Nos ataques que aconteceram na França em 2015 e 2016, por exemplo, canais de televisão dedicaram suas grades de programação às coberturas especiais. Nas redes sociais, campanhas como #prayforparis foram trending topics, fato que não chegou nem perto de acontecer com as explosões na Somália.
O ataque no país africano é considerado o mais mortal da década, mas é fato que os ocorridos em Nice, Paris e Las Vegas provocaram uma maior mobilização e comoção mundial.
Por que tragédias em países menos desenvolvidos parecem chocar tão pouco? A violência em lugares pobres seria tão comum a ponto de transformar fatalidades em algo banal?
Somália
O país está localizado ao leste da África e faz fronteira com a Etiópia, Quênia e Djibouti, sendo banhado pelo oceano índico.
Atualmente, pouco mais de 11 milhões de pessoas compõe a população da Somália com uma expectativa de vida de cerca de 55 anos.
O terrorismo islâmico e a pirataria são problemas recorrentes no país que não consegue contornar as crises humanitárias que perpetuam a sua população na pobreza.
Uma das secas mais fortes da história afeta a Somália. Segundo números da ONU, cerca de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas por essa condição e que outras 3 milhões convivem com a questão da fome extrema.
Dentro das Relações Internacionais, a Somália é um Estado falido. Por Estado falido, segundo a definição do Fundo para a Paz, entende-se:
- Perda de controle do território ou debilidade no monopólio do Estado para o uso da força dentro das suas fronteiras.
- Perda da legitimidade para convocar decisões coletivas.
- Incapacidade de prover serviços públicos básicos para a sobrevivência.
- Inabilidade de interagir totalmente com outros países no contexto internacional no âmbito das organizações internacionais.
Considerando os governos fracos dos Estados Falidos, pode ocorrer corrupção e violência generalizadas, intervenções de atores não-estatais, movimentos involuntários da população e crises econômicas bastante acentuadas.
Restos de um veículo entre destroços em Mogadíscio, Somália. Foto: Zuma Wire/Rex/Shutterstock
O al-Shabab
O grupo é um braço armado de uma organização política islâmica que estava no poder até ser deposta pela invasão etíope apoiada pelos Estados Unidos em 2006.
A sua maior presença se dá na parte sul do território somali, ocupando basicamente áreas rurais.
O grupo terrorista também impossibilita a entrada de ajuda humanitária, piorando a situação de instabilidade e fome nos territórios sob seu controle.
O avanço contra o al-Shabab acontece principalmente devido aos esforços de 22 mil soldados da União Africana (AMISOM), auxiliados pelos ataques aéreos dos EUA, facilitando o acesso de ajuda humanitária nesse ano.
País pede doações de sangue
Segundo o ministro da informação, Abdirahman Omar Osman, o país não possui bancos de sangue e que o atendimento médico é bastante afetado pelas condições do sistema de saúde. Turquia e Catar estão oferecendo assistência médica.
Médicos turcos — basicamente cirurgiões e especialistas em ferimentos na coluna — chegaram com o ministro da Saúde da Turquia na segunda-feira.
O perfil no Twitter @Gurmadka252 foi criado por voluntários que querem apoiar autoridades na Somália e às famílias das vítimas por meio da identificação dos feridos e mortos.
Quenianos doam sangue em Eastleigh em Nairobi para vítimas da explosão em Mogadíscio, na Somália, que matou 302 pessoas – SIMON MAINA / AFP
Referências:
<http://www.miamiherald.com/news/nation-world/article179448601.html>
<https://exame.abril.com.br/mundo/o-que-se-sabe-sobre-o-atentado-terrorista-na-somalia/>
Deixe um comentário